segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
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Worklovers: muito trabalho, muito amor e muitas alegrias
Primeiro é preciso tomar fôlego, respirar fundo e... vamos lá: Walter Machado de Barros Sócio-proprietário da WMB consultoria, especializada no atendimento a empresas em crise, presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças, conselheiro-executivo do World Trade Center, auditor do BIC Banco, conselheiro-fiscal da Anhanguera Educacional, conselheiro-consultivo do Programa de Certificação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Pode parecer o currículo de uma vida profissional de sucesso, mas são as atividades que o economista e administrador Walter Machado de Barros, de 63 anos, desenvolve no momento, todas ao mesmo tempo. Mas, apesar do que pareça, ele não é um workaholic. Sim, é bastante trabalho, numa carga que varia de dez a doze horas por dia, inclusive num escritório bem montado em casa. Mas, como explica o pesquisador em psicologia social Wanderley Codo, do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), “nem todo mundo que trabalha bastante pode ser chamado de workaholic”. Codo procura difundir uma nova terminologia para descrever pessoas com o perfil de Walter Machado de Barros: worklovers. “Esta concepção não foi originada de uma pesquisa específica, mas de 30 anos de dedicação ao assunto”, diz o pesquisador que tem seu currículo um doutorado pela PUC-SP e quatro pós-doutorados (Universidade de São Paulo, Universidade de Havana, London School of Economics e École de Hautes Études em Sciences Sociales). O pesquisador se declara ele próprio um worklover, e deixa claro qual é a diferença deste para um workaholic: “A figura do workaholic, que todos já ouviram falar, existe. Mas não é um sinônimo de trabalhar bastante, é sinônimo de ter uma relação problemática com o trabalho”. De acordo com o pesquisador, o workaholic é aquele que usa o trabalho como uma forma de fuga. Ou seja, é a pessoa que se dedica demais às tarefas profissionais porque outros aspectos da vida – como a família, por exemplo – são fontes de angústia. O termo workaholic, de origem norte-americana, já indicia uma forma de vício, de compulsão por sua proximidade com a palavra inglesa para “alcoólatra” (alcoholic). Workaholics precisam de acompanhamento especializado de profissionais de saúde, já que o trabalho é exercido com a compulsão dos viciados, e acaba se tornando em última instância uma forma de sofrimento psíquico. Outro caso completamente diferente é o dos worklovers, pessoas que trabalham muito, amam o que fazem, e mantêm uma relação saudável com suas atividades. “O trabalho tem que ser uma fonte de prazer”, diz Codo. “Assim como outras atividades prazerosas, a comida, a bebida, o sono, sexo, ele é um dos pilares de sobrevivência do ser humano. Tudo o que contribui para a sobrevivência e prosperidade da espécie é prazeroso”, conclui. Alegrias Antes de classificar alguém que trabalha muito como workaholic, portanto, é preciso saber qual é a relação que ele mantém com uma carga de atividades que toma diversas horas de seu dia. A classificação precipitada pode acabar sendo enganosa, se aplicada a um profissional dedicado que usufrui das alegrias que o mundo do trabalho pode proporcionar sem se esquecer de outras relações sociais. O consultor Walter Machado de Barros concorda: “Apesar de estar numa idade em que muitos estão se aposentando, nem penso nisso”. O trabalho de consultoria em empresas que estão passando por dificuldades, o põe em contato com empresários “que não estão muito felizes”. Mas, de acordo com Barros, é a motivação de ver a empresa novamente nos eixos que o anima sempre. Para Wanderley Codo, um caso clássico: a alegria de ver um trabalho cumprido é uma das características do worklover, enquanto o workaholic não consegue extrair da profissão o mesmo grau de satisfação, numa atitude compulsiva. Se na própria empresa, na Anhanguera e no BIC Banco, Barros recebe por seus serviços, as atividades no World Trade Center e no IBEF são voluntárias. “Mas, não é por ser ocupado que deixo de ter uma vida social ativa”, diz. Casado, pai de dois filhos e com dois netos, o consultor faz duas viagens de férias por ano ao exterior com a esposa, e recentemente encontrou uma nova paixão, da qual ela jura não ter ciúmes: o bacalhau. Aos fins-de-semana ele reúne os amigos para experimentar os mais inventivos pratos que prepara com base no nobre pescado. Quais os planos dele para 2010? Ampliar um programa de formação para jovens executivos de finanças do Instituto e reservar um espaço maior às sextas-feiras para visitar os amigos.
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